Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma, e dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.
Os paquetes que entram de manhã na barra trazem aos meus olhos consigo o mistério alegre e triste de quem chega e parte. Trazem memórias de cais afastados e doutros momentos
doutro modo da mesma humanidade noutros portos.Todo o atracar, todo o largar de navio,
é, sinto-o em mim como o meu sangue inconscientemente simbólico, terrivelmente ameaçador de significações metafisicas que perturbam em mim
quem eu fui......
Ah, quem sabe, quem sabe,
ReplyDeleteSe não parti outrora, antes de mim,
Dum cais; se não deixei, navio ao sol
Oblíquo da madrugada,
Uma outra espécie de porto?
Quem sabe se não deixei, antes de a hora
Do mundo exterior como eu o vejo
Raiar-se para mim,
Um grande cais cheio de pouca gente,
Duma grande cidade meio-desperta,
Duma enorme cidade comercial, crescida, apoplética,
Tanto quanto isso pode ser fora do Espaço e do Tempo?
Eu sei que o fim do ano serve quase sempre para passar em retrospectiva o ano que acaba.
ReplyDeletePensar nas coisas boas e menos boas, aprender com os erros e avançar.
Mas estamos um pouco nostálgicos ou é impressão minha?
só mais um pouco...
ReplyDeleteAh, a frescura das manhãs em que se chega,
E a palidez das manhãs em que se parte,
Quando as nossas entranhas se arrepanham
E uma vaga sensação parecida com um medo
- O medo ancestral de se afastar e partir,
O misterioso receio ancestral à Chegada e ao novo -
Encolhe-nos a pele e agonia-nos,
e todo o nosso corpo angustiado sente,
como se fosse a nossa alma,
uma inexplicavel vontade de poder sentir isto doutra maneira:
Uma saudade a qualquer coisa,
Uma perturbação de afeições a que vaga pátria?
A que costa? a que navio? a que cais?
Que se adoece em nós o pensamento,
e só fica um grande vácuo dentro de nós,
Uma oca saciedade de minutos marítimos,
e uma ansiedade vaga que teria sido tédio ou dor
Se soubesse como sê-lo...